quarta-feira, 31 de março de 2010

Psicografia em uma bolinha de arroz

A metáfora espírita, do historiador que conversa com os mortos, que faz a ponte entre os que já foram e os que são, é recorrente em textos historiográficos.


O presente é uma ilusão. Útil, provavelmente imprescindível, mas não estou aqui para discutir o serviço prestado pelas várias ilusões que nos constituem. Basta olhar ao redor. Vemos prédios de séculos anteriores, palavras antigas, pessoas mais velhas, enfim, várias partes de vários passados se juntam e formam a confusão temporal que é o presente. Quase não percebemos, convencidos que fomos pela ilusão maior da modernidade, o progresso constante das coisas humanas, colocando o mundo em constante transformação, destroçando o passado. Mas às vezes, sem alertas de historiadores pentelhos, sem leituras que nos forçam a ver o que o véu do progresso colocou entre nós e a realidade, uma coisa pequena, ridícula, nos desperta para os séculos passados, para os homens que vieram antes de nós, para o passado recalcado que de quando em quando nos determina.

Sim, é possível falar com os mortos, entrar em contato com os que vieram antes de nós, que estão debaixo da terra, espalhados em mares e no ar, por uma bolinha de arroz.