terça-feira, 24 de novembro de 2009

História e Política - R.A

O papel do historiador e do homem de Estado é ver não apenas as estruturas, o que permanece, o que não pode ser alterado, como ver também aquilo que pode ser alterado, as mudanças, o que não permanece igual. O historiador deve investigar o passado em busca não apenas de mudanças, de um progresso incessante rumo a um final glorioso, como fazem os marxistas, tampouco ver a histórica como o eterno retorno do mesmo, de permanências, de estruturas que se repetem ao longo do tempo, sem novidades, sem mudança como fazem os conservadores. O historiador deve ser como o político ideal para o autor, o político progressista, que combina saudavelmente a duas atitudes acima, a de procurar sempre a novidade e a de ver o que é conservado e deve ser conservado por possuir qualidades. Assim, o historiador deve tanto ver as mudanças ao longo do tempo como as permanências e deve entender que cada período, cada época tem as suas possibilidades de mudança e suas impossibilidades. Não é tudo que pode ser feito em qualquer período. E também não é tudo que deve e pode permanecer como é.

Um comentário:

  1. Enfim, o texto de Aron é claro sobre como uma filosofia da história pode influenciar o pensamento político e as ações políticas de um determinado indivíduo ou grupo. Os milenaristas, por exemplo, encaram a história como a realização de um ideal, de um paraíso na terra, e cada período marca uma mudança, uma mudança que deixa os homens mais próximos do paraíso final, o comunismo no caso dos marxistas. Os conservadores, por sua vez, não têm filosofia da história progressita, mas cíclica, vendo que existem características naturais ao homem que não mudam com a história e que levam certas instituições políticas e estruturas sociais a se repetirem constantemente. Por exemplo, a idéia de sempre ter existitdo e que sempre existirá governantes e governados. A natureza humana é assim, a sociedade será sempre assim. Nenhuma novidade na história. Os progressistas, por sua vez, devem ter uma filosofia da história mais complexa, que procura tanto as mudança quanto as permanências, aliás, talvez não tenham uma filosofia da história definida, radical, sejam mais maleáveis e relativistas. De qualquer forma, a frase final do autor é importantíssima. Nenhuma das filosofias da história mencionadas é sagrada, incontestável. O destino do homem sem Deus é dar sua vida por causas impuras. "O homem age não pela vontade de ser Deus mas de uma sabedoria que inevitavelmente não chega ao absoluto. O humanismo ateu só pode se definir aceitando os limites da existência humana". É isso. Estamos perdidos em lutas inúteis que nunca nos trarão a salvação e o paraíso que tanto esperamos.

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